Solos
são considerados salinos quando contêm concentração de sais solúveis em
quantidades elevadas para interferir no crescimento da maior parte das espécies
cultivadas.
Além
do efeito dos sais sobre o potencial osmótico do solo e a toxidade destes sobre
as plantas, devemos também considerar os efeitos sobre a estrutura do solo.
Para isto consideremos a fase ativa do solo: a argila.
A argila no estado coloidal
possui propriedades de
expansão, contração,
dispersão, plasticidade e
coesão. Essas propriedades, de
caráter físico-químico, são devidas
à elevada superfície
específica e à
carga elétrica na
estrutura das placas
de argila. A expansão ocorre em argilas pouco intemperizadas e é
reforçada pela presença de sódio.
As
partículas de argila
possuem cargas elétricas,
originadas da quebra
de ligações e substituições
dos átomos. Devido
à predominância de
cargas negativas na superfície das mesmas, a concentração de cátions
próxima à partícula de argila é muito maior do que em pontos distantes, como na
solução do solo. Caso os átomos
estejam hidratados, seus
diâmetros aumentam
consideravelmente, forçando a
expansão da argila
(distanciamento de uma
placa para outra), conforme
mostrado na tabela 01.
Tabela
01. Diâmetros dos átomos hidratados e não-hidratados.
Íon
|
Diâmetro
hidratado (Å)
|
Diâmetro
não hidratado (Å)
|
Na+
|
1,96
|
15,8
|
K+
|
2,66
|
10,6
|
Ca+
|
2,12
|
19,2
|
Mg+
|
1,56
|
21,6
|
Diâmetro
da molécula de água = 18 Å (1 Å = 10-10m)
Apesar do cálcio (Ca) e magnésio
(Mg) apresentarem diâmetro hidratado maior que o sódio, esses cátions possuem
valência dupla e são, portanto, atraídos com maior força eletrostática,
impedidos portanto de promoverem o distanciamento entre placas. Já o sódio
(Na), além de ter um tamanho hidratado considerável, é fixado com uma força
bastante inferior às forças que retém cálcio e magnésio.
A
força de hidratação
expande a argila, enquanto a
força eletrostática prende o sódio
à argila. Os íons bivalentes (++)
possuem força eletrostática
muito maior que a
força de
hidratação, enquanto que
íons monovalentes (+)
possuem força de
hidratação muito maior que a força eletrostática. Sendo assim,
argilas com concentração
acentuada de sódio
expandem-se com mais facilidade,
reduzindo a permeabilidade do
solo e causando
problemas de drenagem.
Dado a importância dos
íons Na, Ca,
Mg, K, os
pesquisadores referem-s à
Percentagem de Sódio Trocável (PST), como parâmetro importante na determinação
da habilidade de um solo para expansão e contração. Com isto, dependendo do
tipo e teor de argila, da PST e
da concentração da
solução do solo,
tem-se uma estimativa das reduções da
condutividade hidráulica do
solo, proporcionadas pelas
mudanças ocasionadas na estrutura
do solo, conseqüentes
dos mecanismos de
expansão e/ou dispersão.
PST= = sódio trocável (
mE/100g de solo)/ capacidade de troca catiônica (ctc) *100
PST= Na/Na + Ca + Mg + K * 100
De
acordo com Laboratório de Salinidade dos Estados Unidos (Richards, 1954) a
classificação dos solos salinos baseia-se nos efeitos da salinidade sobre as
plantas e do sódio trocável sobre as propriedades do solo, expressos em termos
de CEes e PST, respectivamente, classificando os solos em três
categorias: salina, sódica e salina – sódica conforme mostra a Tabela 02. Nesta
classificação, o valor estabelecido da CEes para distinguir solos
salinos dos não salinos, é fixado em 4 dS m-1. entretanto, pode-se encontrar plantas sensíveis aos
sais que, por sua vez, são passíveis de serem afetados em solos que apresentam
CEes entre 2 e 4 dS m-1,
razão por que o Comitê de Terminologia da Sociedade Americana de Ciência do
Solo, baixou o limite da CEes de 4 dS m-1 para 2 dS m-1,
fazendo a distinção entre solos salinos e não-salinos. Embora sejam
classificados como sódicos os solos com PST > 15, vários resultados de
estudos, publicados na literatura, têm mostrado efeitos do sódio sobre a
estrutura do solo, mesmo em níveis inferiores, sendo mais adequado
considerar-se sódico os solos com PST > 7 (Pizarro, 1978).
Tabela 02. Classificação dos solos afetados
por sais (Richards, 1954)
Classificação
|
CEes (dS m-1 à 25 ºC)
|
PST (%)
|
pHps
|
CEes (dS m-1 à 25 ºC)
|
Solos sem problemas de sais
|
< 4
|
< 15
|
< 8,5
|
< 4
|
Solos salinos
|
> 4
|
< 15
|
< 8,5
|
> 4
|
Solos salino-sódicos
|
> 4
|
> 15
|
≥ 8,5
|
> 4
|
Solos sódicos
|
< 4
|
> 15
|
≥ 8,5
|
< 4
|
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DIAS, N. S. et. al. Verificação
dos resultados de análise química dos solos afetados por sais